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Liderança é uma questão de escolha?

O que primeiro me vêm à mente é que ainda há muita gente que tem o entendimento de que as pessoas nascem líderes


*Por Jo Lima
Publicado em 24 de março de 2021

 

Gosto de fazer esta pergunta, especialmente quando estou trabalhando com profissionais que já estão em cargos de gestão e para respondermos a esse questionamento, antes precisaremos refletir sobre questões primordiais sobre este tema que muitas vezes são compreendidas de forma dúbia e até mesmo simplista.

O que primeiro me vêm à mente é que ainda há muita gente que tem o entendimento de que as pessoas nascem líderes e que ninguém pode ao longo da vida desenvolver sua liderança.

Pois bem, respeito o entendimento de qualquer pessoa e me sinto à vontade para discordar deste pensamento reducionista e que está alicerçado num determinismo que eu não acredito, como se nós nascêssemos prontos; alguns são ungidos com a liderança, enquanto a outros só será permitido o exercício de ser liderado.

Tenho a crença de que todo ser humano é capaz de desenvolver competências e habilidades e a liderança é uma delas. Acredito que gente não nasce pronta, nós vamos nos aprontando ao longo da vida e isso é absolutamente encantador porque este entendimento nos coloca em desenvolvimento contínuo, nos coloca em movimento e vida é movimento. Para mim, o que nasce pronto é geladeira, fogão, sapato, etc. Nascemos com um combo de aptidões e vamos abraçando outras ao longo da nossa trajetória de vida e também entendo que todo líder precisa necessariamente, se entender como um eterno aprendiz.

Outro dado de realidade que precisamos enfrentar para responder ao meu primeiro questionamento, diz respeito ao fato de que em regra, no nosso país, muita gente acredita que por ter um cargo de gestão ela já é uma liderança; ledo engano, porque liderança não é um cargo, liderança é postura de vida e não precisamos estar num cargo de gestão para liderar, inclusive sou partidária do entendimento de que as empresas, independentemente do tamanho que tenha, carecem de lideranças em todos os cargos, áreas e setores e mais, para mim, o exercício da nossa liderança transcende o espaço de trabalho, onde quer que você esteja, a sua liderança pode se fazer necessária. Basta nós analisarmos um núcleo familiar, quantas vezes convivemos com famílias com filhos pequenos, que gerenciam dirigem e lideram a família e se os pais não exercitarem a liderança deles, com certeza eles não vão conseguir educar os seus filhos e vão acabar forjando adultos moralmente deformados, porque educação exige limites e este não é o papel da escola, é o papel da família.

Quantas vezes eu ouço relatos nas empresas que atendo com os meus cursos e palestras, que há um número cada vez maior de jovens ingressando no mercado de trabalho, desprovidos de resiliência e perseverança. Basta um pequeno percalço e o abençoado desiste fácil, porque têm baixíssima tolerância ao fracasso, como se a vida fosse uma estrada linear e nada sinuosa.

Outro ponto relevante para trazer aqui é que a gestão organizacional no nosso país ainda está cravada, costurada, concretada, cimentada, cerzida e colada no século XX; ainda há muito de comando e controle nas empresas brasileiras. Infelizmente a gestão pelo medo ainda é muito forte aqui no Brasil e isso precisa ser mudado o quanto antes, porque em meio a pandemia que estamos vivenciando há mais de um ano, está acontecendo sérias mudanças no mercado de trabalho. Há grandes transformações acontecendo nas relações de trabalho e está cristalino a necessidade dos gestores reverem seus aprendizados quanto a liderança, porque o mundo mudou e nos deparamos cada vez mais com ondas disruptivas e não conseguimos resolver os problemas de agora com a ótica do passado.

A gestão por comando e controle foi alicerçada num contexto previsível, onde as perguntas tinham respostas com as melhores práticas e hoje o que vivenciamos é a certeza da incerteza e isso implica dizer que hoje, temos muito mais perguntas, do que respostas. A pandemia nos obrigou a atualizarmos nossas definições de futuro e isso impacta sensivelmente no modelo de gestão, onde alguém manda e os outros obedecem. A liderança hoje está aprendendo com a sua equipe e precisa se reinventar.

E qual o principal papel de quem lidera?

Para mim, é cuidar das pessoas. A liderança deve instigar, provocar, mobilizar, suportar e desenvolver novos líderes para sua organização. No meu entendimento, líderes não cuidam de resultados. Líderes cuidam de pessoas que geram os resultados.

O lema é: líder desenvolvendo novos líderes.

Sim, eu acredito que liderança é uma questão de escolha, da escolha de quem sabe que liderar é uma missão pessoal, da escolha de quem sabe que por mais dedicado que possa ser uma pessoa, ela não se basta, porque grandes feitos só alcançamos em equipe.

Para finalizar, compartilho com você um sentimento que tenho e que me inquieta bastante. No meu sentir, o nosso país está carecendo muito de lideranças, não só no contexto organizacional, mas em todas as esferas, sejam elas públicas ou privadas.

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*Colunista e Comentarista no Programa Portal RDC.    

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